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Monday, January 08, 2007

O amor

O coração
A paixão
A sensação

Um olhar
Um sorriso
Um carinho

Para se apaixonar
Se libertar
E sair a cantar

Um carta
Uma declaração
Uma conquista

Um beijo
Um desejo
Um sonho realizado

Um ciúmes
As intrigas
E as primeiras brigas

A ilusão
A solidão
E a reconciliação

Uma noite
As trocas de carícias
A primeira vez

Um noivado
Um casamento
Um nascimento.

(Karina Garcia e Marina Fusaro - 2000)

*****
Trabalho de português na oitava série.
Encontrei perdido entre minhas tralhas, enquanto arrumava o quarto. É cada coisa que a gente encontra quando vai arrumar o quarto, muitas coisas velhas, muitas lembranças esquecidas e principalmente muita saudade...

Saturday, December 02, 2006

Balada

O som estava alto, a fumaça e a pouca iluminação embaçavam a sua visão, o cheiro de alcóol e cigarro misturavam-se em seu cabelo e sua roupa. E a música entrava em seu corpo.

Andréia sentia cada batida fluindo pelas suas véias. Seu coração batia no mesmo ritmo. Por alguns instantes esqueceu onde estava, com quem estava. Ignorava as dezenas de pessoas dançando no mesmo ritmo á sua volta. Por um momento, ela só sentia a música.


Problemas, preocupações e tristezas ficaram do lado de fora, trancados em seu carro - pois uma hora deveria voltar á realidade - enquanto se divertia naquela casa noturna.

Troca de olhares. Já não é mais a música e ela apenas, seus movimentos começam a ter objetivo. Finge que não o vê, finge que não percebe que ele está se aproximando. Finge que não gosta quando ele a segura pelo braço. Finge que o beijo é forçado.

"O mundo vai acabar
Ela só quer dançar
O mundo vai acabar
Ela só quer dançar, dançar, dançar!
Pneus de carro cantam...
Tchururu tchuru tchuru"

Não pergunta o seu nome, quebraria a magia da noite. Não quer vê-lo outra vez, apesar de admitir que beija bem. Não, Andréia não veio atrás de dores de cabeça. Veio para esquecê-las.
No bar, pede a sua poção mágica. Seu corpo quente pelo calor do local e agitação da música relaxa enquanto o liquído gelado e amargo escorre pela sua garganta.

E volta a dançar.
Encontra uma de suas amigas.
Dançam juntas.
Uma seduz á outra, seduzindo de tabela á quem assiste. Juntas vão ao chão e levantam. E dançam. Dançam...Dançam...
Risadas.
Novas trocas de olhares.
Novos beijos.
E mais música.

Lá fora o Sol já está nascendo mais uma vez. Os raios ofuscam sua visão, sua vista arde, estava em um ambiente muito escuro. O segurança fecha a porta á suas costas e no mesmo instante a lúcidez retorna. De volta á realidade.

Ainda não.

Chega em casa em vinte minutos, joga a chave em um canto, os sapatos e as roupas noutro. Por fim, joga-se na cama, sem banho, para as marcas daquele mundo irreal, surreal, quase abstrato e totalmente bacanal permanecerem por mais algumas horas em seu corpo.

Cansada, adormece rápido.

E somente quando acordar, aí sim, retornar á realidade.

Thursday, October 26, 2006

Songfic

Song = Música
Fic = abreviação Fiction --> Ficção

Songfic = *Ficção de música, história de música, história musical, ou se preferirem: conto com trilha sonora.

(*Minha definição)

E agora, uma songfic escrita por mim...

Leoni - 50 Receitas Frejat/leoni

"Eu respiro tentando encher os pulmões de vida
Mas ainda é difícil deixar qualquer luz entrar
Ainda sinto por dentro toda a dor dessa ferida
Mas o pior é pensar que isso um dia vai cicatrizar"

Deitado em sua cama, Marco olhava para o teto, remoendo em suas mentes cada momento que passou com Viviane. Ainda se perguntando por que tudo tinha terminado. Embora tivesse a certeza de que era definitivo, continuava a desejar o momento em que ela percebesse o erro e voltasse atrás.

"Eu queria manter cada corte em carne viva
A minha dor em eterna exposição
E sair nos jornais e na televisãoSó pra te enlouquecer
Até você me pedir perdão"

Há quase uma semana que essa cena se repetia. Não ia mais ás aulas, mal comia, passava a maior do tempo trancado em seu quarto, ouvindo músicas tristes, revezando entre o choro e o sono, como uma criança emburrada. Por que inspirar pena é mais fácil que encarar a situação e tentar reverter o jogo.

"Eu já ouvi 50 receitas pra te esquecer
Que só me lembram que nada vai resolver
Porque tudo, tudo me traz você
E eu já não tenho pra onde correr"

É nessas horas que todos os seus amigos aparecem para dizer a fórmula do esquecimento.
- Saia e vai beijar umas garotas! - disse um. - Esqueça, ela não te merecia! - dizia outro.- Vocês não ficaram tanto tempo junto, logo você esquece!- Vai passar...O tempo cura tudo.- Outra vai aparecer!

Será?

Na escola, a professora substituta se chama Viviane. No shopping, a atendente se chama Viviane. Escuta coversa de desconhecidos por acaso, estão falando de uma Viviane. Ao seu lado, passa uma garota da mesma cor dos cabelos dela. O mesmo perfume, o mesmo modo de andar. Então as lembranças voltam, com força. Você se lembra dela olhando-o com pena, lágrima em seus olhos, mas um olhar decidido.
Não havia alternativa.
Era o fim.

"O que me dá raiva não é o que você fez de errado
Nem seus muitos defeitos
Nem você ter me deixado
Nem seu jeito fútil de falar da vida alheia
Nem o que eu não vivi aprisionado em sua teia"

"O que me dá raiva são as flores e os dias de Sol
São os seus beijos e o que eu tinha sonhado pra nós
São seus olhos e mãos e seu abraços protetor
É o que vai me faltar
O que fazer do meu amor?"

E não consegue sentir raiva dela. A defende diante de comentários maldosos. Não era para ter dado certa, a culpa não é de ninguém. Mas Marco não sabe o que fazer com todos aqueles planos que tinha preparado. Idéias que não se materializarão, frases que se tornaram apenas pensamentos. Tem que agarrar seu coração e escondê-lo entre as palmas das mãos para inibir todos seus sentimentos.

E isso dói.
Por que não há outra alternativa.

É obrigado a guardar todo seu carinho. Por mais que queira, por mais que tente, ele não tem a chave de suas algemas. Está com ela.

"Eu já ouvi 50 receitas pra te esquecer
Que só me lembram que nada vai resolver
Porque tudo, tudo me traz você
E eu já não tenho pra onde correr (2x)"

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Foto: Encontrei no blog http://www.deiaklunck.weblogger.terra.com.br/ , não sei quem é o autor, mas dou-lhe os devidos créditos! (O.o)

Música: Frejat e Leoni

Texto: Eu!! Karina Tiemi.

Monday, October 23, 2006

É tempo de Sakura...

A guerra terminou. É hora dos combatentes regressarem para suas casas.

É tempo de sakura, época em que as pessoas chegam e partem de nossas vidas. E não importa o conteúdo daquela carta, com o carimbo do governo, ela deve ir até o porto. Ignorou aquela carta amarelada, esquecida no fundo de uma gaveta, mas, embora longe da sua visão, constantemente presente em sua mente.

Mariko vestiu o seu kimono mais bonito, branco, um pouco amarelado devido ao tempo, com desenhos de pétalas de rosa - o preferido de Kenichi - e um laço vermelho adornando a sua cintura. Seus longos cabelos, já grisalhos, ela os amarrou em um coque tradicional. E saiu.


Na rua, ignorava os olhares das outras pessoas. Não escutava os motores dos carros e não enxergava o sinal vermelho. Estava alheia ás pessoas a sua volta, apressadas, falando em seus celulares; aos estudantes rindo; crianças tomando sorvete; pessoas andando de bicleta; as máquinas de café, cigarro e outras coisas.

O caminho era longo até o porto. Andava, andava, andava. Nunca chegava.

Lentamente começava a perceber as manchas gigantescas ao seu redor, que tomavam forma de prédios e arranhas-céu. As casas próximas á praia haviam cedido lugar á modernização.

Começou com uma pequena batida entre os seios e se transformou em um sentimento de ausência, de perda. A cada passo que ela dava, a dor aumentava e a saudade era iminente. Logo estava desesperada.

Kenichi. Kenichi.

"Voltarei no porto de (...). Estará ao meu encontro?
- Estarei.
- Promete?
- Prometo!"

"Yamani-san, não quero descrever-lhe as cenas do meu dia-a-dia. Não quero manchar sua mente com cenas tão brutais. Ao invés disso, peço-te que me espere mais um pouco. Em abril, na época das sakuras, estarei retornando para casa. A guerra, enfim, está terminando...Fico imaginando como estará perto de nossa provincia? Provavelmente, as flores estão desabrochando. Lembra-se de quando, ainda meninos, costumavamos brincar no campo, enquanto as mulheres da vila colhiam as sakuras para o festival da primavera?"

Enfim, encontrou o cais. Havia um navio desembarcando mercadorias e outro, em que pessoas estavam retornando de suas viagens e reencontravam seus parentes. Ela se aproximou do navio e ficou parada, olhando com ansiedade pela saída de uma pessoa.

O Sol se pôs no horizonte. Quase todos foram embora, restava apenas Mariko, alguns marinheiros e uns poucos pescadores. Ela continuava a fitar o navio.

Um pouco distante, comentavam:
- É a Yamani-san?
- Hai, ela mesma!
- Todos os anos é a mesma coisa. Nunca falha.
- Nunca falha. E sempre nessa mesma época.
- Sim, é época de sakura. Provavelmente está esperando alguém que já partiu...
- Sim, é muito triste.
- Muito. Você conhece essa história?
- Hai. Tudo começou quando ela ainda tinha catorze anos...

* * * * * *

Saudade de quem me faz bem...


É um lugar no campo, onde há uma enorme árvore, de tronco bem grosso, na beira de um lago, para encostar minhas costas. Descalça, mergulho meus pés na água.

- Brrr...Está gelada.

Aproximo-me da beirada e vejo minha imagem refletida. Não por muito tempo. Aos poucos, a imagem vai se tornando embaçada e a água se mistura como em um redemoinho, formando novas imagens.

As imagens da minha mente.

Lembro-me, então, de como era gostoso esperar chegar o domingo só para me entregar aos seus braços, sentir o calor do seu corpo e a sensação de estar protegida. Ainda agora posso ouvir você dizer: "Tava com saudades...Saudades de quem me faz bem!".

E vejo você sorrir para mim. Com um graveto, pertubo novamente o lago e as imagens se transformam. Agora estamos na sua formatura. Depois de cinco anos de dedicação, tornou-se advogado.

Estava lindo. Alegre, empolgado, feliz. Durante a valsa, você me disse:- Você me faz muito, muito bem!Rimos, bebemos e dançamos a noite inteira. Uma noite perfeita.

Jogo uma pedra no lago. Olho ela quicar na água até finalmente afundar. E me vem a lembrança de quando nos despedimos.E hoje, cinco anos depois, eu finalmente percebo o sentido das palavras "Saudade de quem me faz bem".

Quando a morte passa ao lado...


Você já sentiu medo de morrer?

A vida e a morte estão banalizadas, isso é um fato concreto, visto como seres humanos estão tratando seus iguais: matando sem a menor hesitação, como se o outro fosse apenas uma formiga, a qual é morta pelo dedo de uma criança sem que esta compreenda a vida que acabara de destruir.

Hoje, muitas pessoas não tem medo de matar. Outras tantas também não tem medo de morrer. Muitas pessoas que vivem em situação de perigo intenso e constante ou áquelas que assistem de forma passiva á morte de outras pessoas, essas tem duas opções: temer totalmente a morte ou resignar-se.

Uma pessoa resignada com a vida, que não teme a morte, é muito perigosa.

Mas...O sentimento de que vai morrer em breve...Esse sentimento, você já teve?

A certeza de que não chegará ao fim da estrada daquela viagem, a certeza de que o carro irá derrapar no meio da pista ou que um outro carro em alta velocidade irá bater no seu...Então todas as suas preocupações desaparecem, sua cabeça começa a formigar, suas mãos gelam...Os pensamentos que tomam conta da sua mente não lhe trazem uma lágrima aos olhos.

Por mais que você pense naqueles que irá deixar, naquilo que não conseguirá realizar, nos pedidos de desculpas que precisa dizer, nos beijos que queria dar, o abraço em um amigo distante que jamais poderá ser dado, a saudade daqueles que estão longe...Nada.

Nada disso te deixa triste. Nada.Somente um grande vazio dentro de você.

Mentira.

Ninguém consegue sentir-se vazio totalmente.

Na verdade, toma conta de você uma certa ansiedade.Por que o carro não bate logo?
A qualquer momento ele vai bater.
Daqui a pouco.
Daqui a cinco minutos.
Quatro. Três. Dois. Um.
...Agora!
Ele não bate.

Ele continua seguindo o seu percursso, alcançando o seu destino e você...Mas que surpresa! Sente-se totalmente frustrado! Pensou que iria descansar, mas não foi desta vez. Ainda não. Um dia sim, mas não agora.E aquele sentimento, aquela certeza? O que significou tudo isso? Por que esses sentimentos de repente? Por que essa tontura, esse formigamento na nuca? Por que suas mãos estão geladas?
Por que a morte passou ao seu lado.



* * * * *
Eu tenho em mente uma outra versão para este texto, mas ainda preciso colocar no papel [bloco de notas].

Um dia cinzento


Quando o dia amanhece assim, cinzento, gosto de sentar ao pé da janela, enrolada em um edredon azul, tomando chá. Passo horas observando o céu, as pessoas correndo para escaparem das chuvas e também por que a pressa faz parte da vida dos paulistanos, observando também a fumaça que embaça o vidro.

Quando o dia começa frio, não consigo me livrar desse sentimento ruim dentro de mim. As cores parecem estar apagadas ou gastas pelo tempo, sem os raios do Sol.

Tudo é tão mais triste nesses dias. Tão mais solitário.Meu coração, para escapar do frio que toma conta do meu corpo, se aquece através das lágrimas que escapam de mim. Ele bate mais forte, mais quente, se agita. Por que o choro é uma forma de aquecer o coração, de movimentá-lo.

Reparem, quanto mais choramos, mais forte ele bate. Mais sangue circula dentro de nós. Mais rápido nos aquecemos.Sinto falta dos amigos, ao mesmo tempo que nada me fará sair de casa, está muito frio.É uma estação triste. Sim, o inverno tem suas vantagens. Principalmente para os apaixonados correspondidos.

Entretanto, ainda que possuísse alguém para me abraçar, isso apenas esquentaria meu corpo, talvez até minha alma, mas nada espantaria a sensação de sermos dois ilhados do restante do mundo...

A dúvida

Leonardo encarava aquele ser que tanto medo lhe proporcionava. Por outro lado, em determinados momentos, trouxera-lhe igualmente alegrias.

Como é que ele, um rapaz de 23 anos, poderia ter tanto medo de um simples aparelho telefônico?

Três, dois, dois, zero. Sete, quatro, quatro, sete.

Mais uma vez ele discava esses números. E mais uma vez desligava em seguida, sem nem ao menos ouvir o primeiro toque.

"Oi??"Não.
"E ae, como vai?"
Não, assim não.
"Oi, tudo bem?"
Clássico demais.
"Márcia?? Beleza??"
Acho que tá grosseiro demais...Argh. Chega. Liga logo e pronto.

Ele se aproxima novamente do telefone, já sentindo seu corpo reagir por antecipação á voz de Márcia, reagindo com uma leve tremedeira, um calor no meio do peito que insiste em agir como se fosse um elevador dentro dele. Sobe, desce.

Três, dois, dois, zero.
Respira fundo.
Sete, quatro, quatro.
Hesita.
Sete.

De repente ele percebe que seu coração está batendo mais forte.
Tuu...
O primeiro toque.
Desliga.

O que dizer? Como dizer? Por que estou tão nervoso? Não é a primeira vez que ligo para ela. Está certo, é a primeira vez depois que o namoro terminou, mas mesmo assim não é motivo para tanto nervosismo. Ou é? Puta merda, tá mais difícil do que quando eu a pedi em namoro...

O que será que ela vai pensar? Será que vai achar que eu tô querendo voltar ou fazendo pressão para isso? Mas não é. Não é. Eu só quero avisá-la de que já chegou na locadora dos meus velhos o filme que ela tanto queria ter visto e eu não a levei por que achei o título uma droga. É. Apenas isso. É somente isso e nada mais. Será?

Ah que se foda.
Três, dois, dois, zero. Sete, quatro, quatro, sete.

Tuuu...O primeiro toque.

Tuuuu...O segundo...

Tuuu...Alô?

É ela.

- Alô, Márcia? E aí, como vão as coisas?
- Ah...Léo? Tudo ótimo e você?
- Bem...Só queria avisar que chegou aquele filme que você queria.
- Ah, sério? Legal. Depois eu passo aí para pegar...E aí, como estão os seus pais?
- Tão ótimos, cê sabe que...Blá, blá, blá e mais blá.

* * * * *
O mais difícil é dar o primeiro passo. Não adianta tentar pensar no que vai acontecer. Faça o que tiver que fazer e veja os resultados acontecerem.

Sunday, October 22, 2006

Rascunho I

A rotina não é só algo enfadonho, mas, também, é perigosa.

Esse era o pensamento de Jacko Fung, mais conhecido por Jack, um rapaz alto com ombros largos, olhos puxados devido a sua origem oriental e cabelos negros presos em um curto rabo de cavalo.

Não há nada mais mortal do que a rotina, prosseguia ele, mentalmente.


Acordar no mesmo horário, comer no mesmo horário, sair de casa no mesmo horário ir para o trabalho no mesmo horário...Não há nada pior que isso. Além de alienar a mente e destruir a alma, há a possibilidade de se perder a vida. Se é que uma vida assim possa ser chamada de vida.

Tragou pela última vez e jogou o toco do cigarro na rua. Observou a brasa se apagar e em seguida voltou sua atenção para a casa do outro lado da rua.
Eram quase dez da noite. Nessa casa, Jack sabia muito bem, moravam cinco pessoas. E todas elas presas as suas rotinas desde sempre.

Eu não aguentei dois anos fazendo as mesmas coisas, quase enlouqueci. E essas pessoas se submetem a essa prisão por live e espontânea vontade.

Não.

Não por vontade própria, são obrigadas a isso, são obrigadas pela sociedade em que vivem, pelas leis desta sociedade. Entretanto, elas não parecem fazer questão de mudar isso. Estão acomodadas.

Será que elas realmente não percebem o quão deprimente é essa vida?

Será que Roberto, o pai de família perfeito com um bom emprego em uma empresa de médio porte, bom marido, honesto, será que ele tem prazer em viver assim? Não se cansa de todo dia, ao sair de casa, beijar a mesma mulher e, ao voltar, tomar o seu cálice de vinho na biblioteca, lendo Platão ou outro filósofo grego. Em seguida, desejar boa noite ao seu velho, no escritório deste e subir para a companhia da sua esposa que, até então, estava cuidando de sua estética com cremes, cremes e cremes, apenas para ficar perfumada e macia para seu marido? Então eles se amam. Amam mesmo? E finalmente dormem.

Enquanto isso, no quarto ao lado, a filha mais velha se prepara para sair escondida. Aos 16 anos, tudo é aventura para ela. Seus pais proibiram-na de namorar, mas isso realmente só tornou o jovem Carlos ainda mais desejável. Tsc. Olha ele chegando na moto do irmão mais velho que pegou, obviamente, escondido. E lá vão o jovem casal. Com muita sorte, essa menina não volta grávida hoje.

No quarto em frente ao de Marisa, fica o do seu irmão, que, ao invés de dormir, está com os olhos grudados na televisão, tentando terminar a todo custo aquele jogo da moda e ouvindo a música do momento no volume máximo do seu tocador de mp3.

Para terminar, o único que realmente me interessa: o velho. É o único acordado, está sozinho no seu escritório, remexendo em documentos velhos e perdido em seu passado obsceno. Não consegue imaginar que, dentro de poucos minutos, um assunto que ele julgou enterrado irá surgir á tona. Enquanto isso, ele devora devagar pedaços de queijos gordurosos, sujando as mãos e lambendo os dedos. Nem sequer sente remorso enquanto relembra de tudo que ele fez, de todas as vidas que destruiu. Ele simplesmente segue sua rotina, a qual me possibilitou saber exatamente quando e onde ele iria estar sozinho. Rotina é uma coisa perigosa, isso eu aprendi nesses dois anos que passei na cadeia.Bem, Jack meu querido, está na hora de agir.

Jack atravessou a rua e, sem cerimônia, pulou o cercado do jardim. Sorrateiramente, seguiu pela lateral da casa, até alcançar a porta da sala de estar. Com uma cópia da chave, abriu a porta e entrou.

*****
Eu não ia postar isso agora, mas tô sem texto e realmente fazia um tempo que eu não atualizava aqui!

Página de um diário!


"Doze de novembro de 2006.

Olhando para o espelho, não tenho certeza de quem eu vejo do outro lado.
É uma total estranha.
Um rosto mais magro, um sorriso estranho, um olhar diferente. Nas fotos antigas, meu sorriso era lindo, me deixava bonita. Hoje percebo nele algo de falsidade, algo de um mal-estar em sorrir.
Não sei dizer o que mudou, só sei que não sou mais aquela menina briguenta, mau humorada, de temperamento forte.
Hoje tento ver todos os lados de uma situação antes de tirar minhas conclusões. Tento ser mais paciente. Tolero muito mais. Entretanto, meu sorriso era mais bonito.
Passo um batom. Um gloss. Tento um lápis no olho, uma ajeitada na franja.
Nada.
Talvez até esteja pior, por que sei que a maquilagem disfarça as falhas e ninguém me enxerga como sou. Maquiada, sou outra pessoa, outra garota. Maquiada sinto-me ainda mais falsa. Continuo a não me reconhecer diante dos espelhos ou em novas fotografias.
Aos 18 anos, ainda não me encontrei, não me tornei mulher. Estou ainda na segunda etapa, sem a certeza de que a metamorfose um dia virá.
Serei uma eterna garota?
O que faz com que as garotas se transformem em mulheres?
É o sexo?
Ou é o trabalho?
Nenhuma das duas opções me fez sentir mulher.
A primeira, se feita com alguém que entenda do assunto, pode me levar ao êxtase.
A segunda, me leva ao estresse.
Dizem que se sentir mulher é estar plenamente realizada consigo mesma.
Mas o que é estar plenamente realizada?
Casada com filhos e ter sua casa própria, além de estabilidade financeira?
Ou ser mulher é se sentir bem consigo mesma, sentir-se linda apesar do empurra-empurra no ônibus, descabelada depois de um dia tenso, os ombros cansados e ainda ter na cabeça uma pilha de louça á lavar e roupas a tirar do varal?
Não sei.
Só sei uma coisa.
Quero ser mulher para saber andar de salto.
Quero ser mulher para ser determinada.
Quero ser mulher para ter certeza do que eu quero.
Quero ser mulher para dominar o mundo...Masculino!
Quero ser mulher....E quero agora!"
---------
O tempo cura tudo, diz o ditado popular. Só o tempo para que possamos entender certas coisas.
É verdade.Mas, ás vezes não temos paciência para esperarmos pelo tempo.Eu também quero ser mulher. Mas quero ser mulher para continuar sendo garota...

Processo de produção dos meus textos

- Então vamos lá...- disse JK Rowlling certo dia.

Sentada diante da mesa e das folhas de papéis...Hum...Folha de papel?? Risca aí. Substitua por máquina de escrever...[Alô...Ela publicou Harry Potter na Inglaterra em 1997! E na INGLATERRA! Não é Brasil, lá certamente já era comum todos terem um computador em casa.]Okay. Okay escrito como eles falam. Ó-K-E-I.Vamos tudo de novo.

- Então vamos lá! - disse JK um dia.{Jk?? Juscelino Kubtehsk [Olha, eu acho que vc escreveu o nome errado...Aliás, o sobrenome]...K-U-B...Ah deixa pra lá...Bem, é o ex-presidente do Brasil ou o John Kennedy??}

Reescrevendo mais uma vez.

-Então vamos lá! - Disse a autora de Harry Potter certo dia.Sentada diante do seu COMPUTADOR, ela pensava no que escrever na próxima cena. Já tinha passado para o word tudo o que estava rabiscados naqueles guardanapos de uma casa de café, lugar em que simplesmente a idéia de um bruxinho saltara do seu inconsciente para o seu consciente. [Essa frase ficou estranha!] {Também acho!}[Talvez ficaria melhor se você escrevesse "ela arregaçou as mangas"]{Mas não seria chavão?}[Ela não está escrevendo um texto jornalístico!}[Fato!]

Reescrevendo.
(...)
...Sentada diante do seu computador, ela arregaçou as mangas para começar o seu trabalho, mas não chegou a encostar nas teclas. Parou ao perceber que não sabia o que escreveria na próxima cena. Já tinha passado para o word tudo o que estava rabiscados naqueles guardanapos de uma casa de café, lugar em que simplesmente a idéia de um bruxinho saltara do seu inconsciente para o seu consciente.

[Ela insiste na frase estranha...]{Sugestão para melhorar?}[Hum...Por enquanto não!]

Agora, no entanto, nada vinha clarear suas idéias. Como continuar a cena?? Harry se rebelaria, ficaria contente, não acreditaria naquela história...E onde ficaria a escola de bruxaria?? E qual o nome da escola?Ela tentou escrever. Meia hora digitando frenéticamente. Releu o que escreveu, apenas para apagar tudo de novo. E tentou mais uma vez. E apagou mais uma vez. Escreveu de novo. Apagou de novo. Escreveu. Apagou. Escreveu. Apagou. Já digitava com fúria, mas nada que escrevia era do seu agrado. Suspirou.No relógio do seu pulso descobriu que já estava ali há mais de duas horas.

- É, tem dias que não tenho nenhuma inspiração...- rendeu-se.

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Escrever é um suplício, para quem gosta de escrever, já dizia o jornalista Ricardo Noblat. Eu completo. E para quem saber escrever. E para quem tem uma imaginação vasta. E para também os autores famosos.

A cena descrita acima é totalmente fictícia, mas não devem ser raras entre autores talentosos. O que dirá, então, dos iniciantes?Há dias em que nada vem á nossa mente, outros em que simplesmente as idéias pipocam dentro de nossas cabeças e escrevemos, melhor, digitamos por horas seguidas.

Enquanto escrevemos, somos atormentados por várias vozes. Uma delas é a nossa própria, corrigindo nossos erros. Como se estivessemos conversando com uma outra pessoa, criamos diálogos em nossas cabeças sobre como deveria ser tal cena. Como no começo desde texto.Outras vezes somos incomodados pelos nossos personagens. Sim, eles tem vida própria e sempre nos dizem "Opa, eu não agiria dessa maneira nessa situação".Insipirados, já sofremos com essas "interrupções", o que dirá de quando não temos a mínima idéia do que escrever?? É complicado.Escrevi esse texto justamente por não ter nada melhor, por não ter a menor inspiração.

Espero que o próximo seja melhor.

Sem título [Uma cena em uma ponte]

1...2...3...4...5...
Enquanto subia, contava os degraus.
7...8!
Chegou, enfim, à ponte.

Uma ponte velha, pequena, sobre um lago esquecido e poluído. A madeira rangia á cada passo que Amanda dava, mas ela não se importava e só parou quando chegou no meio da ponte.Parou de andar, apoiou-se na beirada e fitou o horizonte, sem realmente ver a imagem á sua frente, mas vendo áquela que continuava gravada em sua mente.

Era verão. Dezembro, perto do natal de 1978. Na época, tinha apenas 18 anos.
- Vou ser médico! - dizia Bruno, parado ali, na mesma ponte, com os braços apoiados e as mãos segurando os queixos - Quero salvar as vidas das pessoas! Vou estudar que nem louco, vou me afastar dos amigos, mas vai valer a pena esse sacrifício temporário! Afinal, quero a USP, terei que me dedicar de corpo e alma para conseguir chegar até onde eu quero!
- Você é muito romântico! - ela lembrava de ter dito isso á Bruno - Você pensa que essa profissão é só de coisas boas? Que nada! É estressante, você quase não tem vida social, é cheio dos plantões, mal terá tempo para si mesmo. Além disso, você não conseguirá salvar á todos. Muitos morrerão nas suas mãos. E você terá que lidar com essa responsabilidade. No começo sofrerá, mas depois de anos, nem ligará mais. A vida acabará sendo banalizada por você.
- Não necessáriamente. Pois sim, enfrentarei a culpa da morte de muitas pessoas, mas as que eu salvarei não me fará esquecer nunca que eu lido com vidas humanas!

Ela acendeu um cigarro, ele fez uma careta.
Ela riu e perguntou:

- E se um dia você tiver que tratar do meu câncer?
- O que não será em um futuro muito longe se você continuar a fingir que é uma chaminé ambulante. - ele pegou cigarro dela e o apagou. - Não sei dizer como reagiriam meus sentimentos, mas meu corpo estaria treinado á realizar a medicina!
- E como você lidaria com a minha morte?- Eu não sei...Eu sofreria bastante!
- Com o fato de ter me matado?
- Eu não teria te matado...O cigarro sim! Vamos mudar de assunto?
- Como quer ser médico se não aguenta pressões?
- Tenho só 18 anos, muito tempo para amadurecer. Você está me deixando deprimido...Por que você faz essas perguntas?

Amanda riu. Como era gostoso irritá-lo com perguntas cujas respostas não eram contas exatas, como na matemática, ou baseada em fatos científicos.Bruno era totalmente prático, objetivo e perdia totalmente o controle quando as questões eram abstratas. Ele tinha medo da morte. Talvez por isso morrera cedo. Atropelado. A medicina não conseguira salvá-lo.

Ela abriu sua bolsa e retirou o maço de cigarro. Só havia mais um. Acendeu. Tragou forte e soltou a fumaça lentamente.
- É...E eu estou viva.
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É, eu estou viva.
[Viver é fácil, difícil é existir!] frase by...Vai saber!

Sonhar

A bailarina rodopiava sem parar no minúsculo palco da caixinha de música. Deitada em sua cama, com o queixo sobre as mãos, Ana a observava com um brilho sonhador em seus olhos.

Em sua imaginação infantil, fingia estar diante de milhares de pessoas. Pessoas de diferentes
cidades, estados, países, continentes, reunidas em um só local para um objetivo: assistir a famosa dançarina Ana Karen de Lima.

Estão todos ansiosos, os olhos grudados no palco, com grandes expectativas. A cortina vermelha, então, começa a subir lentamente. As sapatilhas, rosas, surgem e todos se calam. Pouco á pouco, a imagem de Ana Karen surge para todos.Tão sublime quanto a bailarina da caixinha de música, Ana começa os movimentos. E a platéia vai ao delírio.

Ela corre, salta, roda, volta ao chão com a suavidade de uma pluma. A música enche-lhe a alma, a mente, o coração. Ela ri. Ri com gosto. Tem um imenso prazer pelo que faz, sente-se plenamente realizada.

De repente, a música para.

O som de uma porta se abrindo retira Ana de seus desvaneios.O sonho é interrompido pela entrada de sua mãe, acompanhada de uma cadeira de rodas:
- Vamos Aninha, está na hora do seu passeio no jardim, vamos tomar um pouco de Sol! Está sorridente, o que há?
Ela responde:
- Mãe, hoje eu dancei para milhares de pessoas!A mãe sorri. Coloca a filha na cadeiras de rodas e, empurrando-a, pede:
- Então me conte tudo!

-----------------
Sonhar é um recurso que renova nossas forças para conseguirmos superarmos nossas dificuldades!
Pena que muitos acreditam ser uma exclusividade das crianças.

Noite



Isabel vai dormir, todas as noites, sempre ás nove horas em ponto. Na cama, sente um imenso vazio dentro de si, sente falta de ter alguém que a ame, esteja ao seu lado, sente falta de carinho, amor, paixão, mas também de dinheiro. Afinal, ninguém come [sentido literal do verbo comer] o amor.

É durante á noite que os sentimentos mais intensos e angustiantes são despertados dentro dela. Chora, abafa o grito mordendo o travesseiro, joga-o no chão, levanta, sobe na cama, xinga em silêncio [para não acordar seus pais no quarto ao lado], morde o punho, sente falta de ar. Chora até ficar cansada.

Medos, lembranças ruins, egoísmo, ciúmes, inveja. Tudo aflora na escuridão do seu quarto. Nem a luz do seu velho abajur consegue afastar esses maus sentimentos, que são como aquelas imagens feitas nas sombras. São como fantasmas negros desenhados nas paredes.

Lamenta o próprio choro, sofre com as falsas amizades, não percebe as verdadeiras, pensa na morte. Não na sua. Mas na dos outros. Pensa na morte dos outros para pensar no próprio sofrimento. Como reagiria se Carla morresse? Como agiria Leonardo ao vê-la chorando pela morte da melhor amiga?

Sua mente, louca e doentia, viaja para espaços infinitos onde, por mais que sofra, por mais que chore, nunca está sozinha. Onde no fim, tudo dá certo. Um mundo dos sonhos...[Longe, muito longe do tal mundo das leis, das coisas práticas.]

Seus olhos inchados, seu corpo inteiro, cansados, relaxam. Ela repousa novamente na cama e adormece.

Acorda cedo, abre a janela e vê o Sol. Não pode acreditar no desespero que passara durante á noite. Coisas tão pequenas e irrelevantes, que, agora, não conseguem fazê-la nem piscar, quanto mais derramar uma lágrima. Sorri. Está de volta ao mundo real.

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Mas o que é a realidade?
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[Segui seus passos na escuridão do Destino. Bati a cara em portas fechadas]

Desconhecidos...

"Ela colocou o copo, vazio, na mesa, no momento em que ele entrou no bar.
Ele retirou a capa pesada e molhada, chovia muito forte. Olhou em torno de si, procurando algum rosto conhecido. Não viu ninguém.
Ela pediu outra cerveja. Enquanto esperava, olhou para a entrada e viu a chuva caindo, olhou o seu relógio, eram apenas 22h. Suspirou, lembrando de uma época em que ali costumava ser mais divertido, mais agitado, com mais pessoas conhecidas.
Desanimado, ele sentou na mesa ao lado dela. Pediu uma cerveja e pensou em seu trabalho. Tantas coisas para fazer na segunda-feira, enviar relatórios, despachar pedidos...Tomou um gole. O líquido gelado e amargo suavizou seus pensamentos.[Ah, que se dane. Não vou pensar nisso agora!]
Ela sorriu quando o garçom abriu a garrafa e despejou o conteúdo em seu copo novamente.{Era uma época muito divertida...Pena que não há ninguém conhecido aqui!}
[Cadê o pessoal?]
{Queria conversar}
[Preciso me distrair]
Ela olhou para ele.
Ele olhou para ela.
Ambos olharam para fora.
A chuva estava diminuindo.
A cerveja estava acabando.
Ela olhou para o relógio, pagou a conta, abriu o guarda-chuva e foi embora.
Ele pediu outra cerveja, pegou o celular e ligou para a sua ex-namorada."

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Deixamos sempre passar uma ótima chance de mudarmos nossos destinos. E nem ao menos temos consciência disso. É impossível saber o que perdemos quando fazemos nossas escolhas. Por isso, quero deixar de pensar no que eu poderia ter ganho. Quero aproveitar tudo que aconteceu, tudo, mesmo as coisas que eu perdi, pois um dia eu as tive e dar o valor merecido para as coisas que eu conquistei e as mantive.
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Todos e tudo têm o tempo certo de entrar e sair de nossas vidas.