Saturday, December 02, 2006

Balada

O som estava alto, a fumaça e a pouca iluminação embaçavam a sua visão, o cheiro de alcóol e cigarro misturavam-se em seu cabelo e sua roupa. E a música entrava em seu corpo.

Andréia sentia cada batida fluindo pelas suas véias. Seu coração batia no mesmo ritmo. Por alguns instantes esqueceu onde estava, com quem estava. Ignorava as dezenas de pessoas dançando no mesmo ritmo á sua volta. Por um momento, ela só sentia a música.


Problemas, preocupações e tristezas ficaram do lado de fora, trancados em seu carro - pois uma hora deveria voltar á realidade - enquanto se divertia naquela casa noturna.

Troca de olhares. Já não é mais a música e ela apenas, seus movimentos começam a ter objetivo. Finge que não o vê, finge que não percebe que ele está se aproximando. Finge que não gosta quando ele a segura pelo braço. Finge que o beijo é forçado.

"O mundo vai acabar
Ela só quer dançar
O mundo vai acabar
Ela só quer dançar, dançar, dançar!
Pneus de carro cantam...
Tchururu tchuru tchuru"

Não pergunta o seu nome, quebraria a magia da noite. Não quer vê-lo outra vez, apesar de admitir que beija bem. Não, Andréia não veio atrás de dores de cabeça. Veio para esquecê-las.
No bar, pede a sua poção mágica. Seu corpo quente pelo calor do local e agitação da música relaxa enquanto o liquído gelado e amargo escorre pela sua garganta.

E volta a dançar.
Encontra uma de suas amigas.
Dançam juntas.
Uma seduz á outra, seduzindo de tabela á quem assiste. Juntas vão ao chão e levantam. E dançam. Dançam...Dançam...
Risadas.
Novas trocas de olhares.
Novos beijos.
E mais música.

Lá fora o Sol já está nascendo mais uma vez. Os raios ofuscam sua visão, sua vista arde, estava em um ambiente muito escuro. O segurança fecha a porta á suas costas e no mesmo instante a lúcidez retorna. De volta á realidade.

Ainda não.

Chega em casa em vinte minutos, joga a chave em um canto, os sapatos e as roupas noutro. Por fim, joga-se na cama, sem banho, para as marcas daquele mundo irreal, surreal, quase abstrato e totalmente bacanal permanecerem por mais algumas horas em seu corpo.

Cansada, adormece rápido.

E somente quando acordar, aí sim, retornar á realidade.

3 comments:

Luciane Rangel said...

Quem será essa Andréia, hã? rs

Eu devo ser de outro mundo, pq esse mundinho de balada não me pertence, definitivamente. Tô velha e enferrujada demais pra isso rsrs... É como sempre digo: "não sei dançar e não posso beber, o que vou fazer num lugar desses?" rs

Ms curti o texto.

=**

Janaina Pereira said...

ah, o cheiro de cigarro me irrita na balada. tô velha para isso. mas afin al, que fim levou a And réia? rs...
linkeiu seu blog no meu flog.

beijos

Anonymous said...

o que o inferno fez com a minha amiga haha!


beijos