Drama de Kim Ki-duk reflete sobre problemas da sociedade urbana
Solidão, materialismo e exclusão social são temas explorados em "Casa Vazia"
Por Karina Tiemi
Tae-Suk invade as casas sem nenhum pudor. Dorme, toma banho e come os alimentos da geladeira. A técnica para descobrir se a casa está vazia é eficiente: ele deixa panfletos de propagandas na porta e, depois de um certo período, retorna para verificar se continuam ali. Uma vez dentro da casa, ele faz alguns serviços domésticos, conserta objetos e o que puder fazer para pagar sua "estadia".
Em uma dessas invasões, encontra uma jovem esposa infeliz, Sunhwa, vítima de agressões pelo marido, a qual é seduzida pelo modo de viver do misterioso invasor. Um romance como qualquer outro. Não fosse o fato de que o casal não troca quase nenhuma palavra o filme inteiro, em alusão à marginalidade dos personagens de uma sociedade em que possuir uma moradia e um casamento estável é fundamental, ainda que tudo isso seja apenas fachada. E esse é apenas um ponto de discussão que o filme aborda.
A solidão da sociedade contemporânea, principalmente na vida urbana, a tentativa de sentir-se parte de uma família, o consumismo e o materialismo são outros aspectos abordados no filme.
Nesta produção, o diretor simplesmente trabalha com aquilo que é a essência do cinema, a imagem. Sentimentos como alegria, tristeza e raiva são transmitidos apenas com gestos e o modo como as cenas são dirigidas pela maestria de Kim Ki-duk é cativante, de maneira a não tornar o filme entediante. O final é uma curiosa analogia da obrigação de que todos devemos nos adaptar às regras sociais, de um jeito ou de outro, ou pelos menos fingir.
Ficha Técnica
Casa Vazia
Gênero: Drama
Duração: 95 min
Direção: Kim Ki-Duk (2004)
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