Monday, May 14, 2007

Crash - no limite

Julgar sem conhecimento de causa, preconceito ou mesmo taxar uma pessoa por causa de uma atitude são simplesmente bobagens. O mundo dá voltas e é essa a sensação que passa o filme “Crash – no limite”, com roteiro e direção de Paul Haggis.
Além da questão racial, evidente em inúmeros momentos do filme e de diversas formas, indo muito além do clássico "preto x branco", o que me chamou mais atenção é justamente o fato de nós sempre julgarmos uma pessoa por causa de UMA atitude, esquecendo que NINGUÉM é 100% bom ou 100% ruim e o filme trabalha exatamente isso.
A dicotomia bem x mal não existe nesse filme. Ninguém é “punido” ou “beneficiado”, o destino de cada um não é um prêmio pelos seus gestos ou atitudes. Por exemplo, o jovem policial Tom Hansen, que o filme inteiro é politicamente correto, não se sente bem com o abuso de autoridade do seu parceiro racista, e no final acaba cometendo um crime, motivado por um – talvez inconsciente, mas de fato não assumido – preconceito.
O personagem Anthony é um dos mais interessantes. Sente-se constantemente inferiorizado por sua cor negra, acredita ser alvo de preconceito o tempo inteiro. Em certo momento, ele critica a atitude da personagem de Sandra Bullock que abraça o marido por medo ao ver a dupla de negros – mais tarde, descobrimos que realmente ele estava certo nesse ponto – e critica a situação dizendo que somente por serem negros ela já os julga assaltante. No entanto, eles de fato a assaltam. É irônico por que ela acha injusto o acusarem de


alguma coisa, mas ele realmente comete essa “alguma coisa”.
Antony passa o filme inteiro assaltando carros, mas no fim descobre sem querer, ao roubar mais um, um tráfico de escravos. No entanto, ele não vende essas pessoas, ao contrário dá liberdade á elas.
Por essa atitude, ele deve ser considerado uma pessoa boa? Ou seu passado de crimes o condena?
Aí é que está o ponto X do filme. Isso que torna os personagens de Crash mais próximos da realidade e abertos á análises profundas. Eles são humanos e têm seus limites. Diante de uma situação, agimos de uma maneira, diante de outra, agimos diferente. Não somos perfeitos, mas não somos totalmente ruins.
Outra questão é a do julgamento precoce, que está, de certa forma, ligada á essa maneira tão irregular de agir do ser humano. Como não podemos adivinhar todas as atitudes de uma pessoa, a julgamos pelas quais conhecemos ou somente pela aparência, como foi o caso do trocador de fechaduras. Por ter cabelo raspado e uma tatuagem, é julgado como gângster e ladrão, quando na realidade é apenas um trabalhador que se esforça ao máximo para dar o melhor para sua pequena filha, que por pouco não foi morta por um comerciante que teve sua loja arrombada e acreditava que o responsável por isso fosse o trocador de fechaduras.
Acredito que o climax seja o entrelace das histórias dos personagens Crhistine e o policial Ryan. Este, ao parar um casal de negros, abusa de sua autoridade como policial os revista com humilhação. Ela acaba “reclamando demais” e é humilhada na frente do marido, ao ser tocada em partes íntimas pelo policial. (Isso abre uma discussão para um outro tema, a omissão do marido faz com que Cristine o acuse de não agir como um “negro”). Na manhã seguinte, ao sofrer um grave acidente de carro, Cristine é salva justamente por Ryan.
Aí você pára e pensa. Ao ser salva, ela deve esquecer o que passou no dia anterior? Esse gesto mostra que Ryan é uma boa pessoa? A meu ver, não, por que ele estava em serviço, agiu como policial e não como indivíduo, ele continua a ter raiva de negros por mortivos particulares (mas não justificáveis).
Há outras histórias e personagens tão interessantes quanto estes citados e todos eles se entrelaçam durante o filme, seja por um ter roubado o carro do outro ou por trabalharem juntos ou, até mesmo, agora é uma pouco confuso, por um ter atropelado o marido da mulher que bateu no carro em que seu irmão estava.
Um filme rico em história, com ótimos atores, e sob a óptica de uma mente brilhante como a de Haggis, que já mostrava seu talento como roterista em outros filmes, como "Menina de Ouro". Em Crash, ele prova que também é um excelente diretor.

3 comments:

Anonymous said...

BOA. VOU ASSISTIR.

Anonymous said...

Mta gente fala ultra bem desse filme, um dia assistirei rs

Curti o seu resumo, quero assistiir rs

E como assim não conseguiu instalar o driver? Dá seu jeito, filha... Arruma o pc e fica sem net? Que droga é essa? u.u rs

Volta logooooo!!

Bjinhs!

Luciane Rangel said...

Karii, essa eu tenho que te mostrar.

Olha a busca com a qual chegaram ontem ao meu blog:

http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=karina%20tiemi%20blog&btnG=Pesquisa%20Google&meta=

O.o... Estão te procurando pela net! huahuahua...

Bjinhs!