Da morte ninguém escapa, isso todo mundo sabe, mas ninguém consegue segurar as lágrimas diante da partida de um parente.
Dizem que mãe assistir ao falecimento de um filho é uma dor inigualável, assim como dizem sobre o parto.
Eu já vi minha Batian (avó em japonês) perder dois filhos. Não sei se sua dor foi mais discreta devido a sua origem oriental. Ela chorou, mas pouco falou. Tão diferente da dor de meu avô nessa última sexta feira, 12.
Acho que perder a pessoa que se ama - sentimental E carnalmente falando - é capaz de ser ainda mais doloroso que a dor de um filho. A pessoa que te acompanhou por mais de 60 anos, que viveu os seus sucessos e principalmente te apoiou em seus fracassos.
Aquela cuja qual recebeu uma parte sua, misturou com sua essência e gerou uma nova vida (duas vezes). Aquela que te ouviu nos momentos mais íntimos, a que você escutou sobre suas tristezas e alegrias. A pessoa com a qual você passou "um tempo lindo".
"Que tempo lindo nós vivemos juntos" - disse Eduardo Garcia.
A tristeza é grande. A revolta também. Meu avô acha injusto ele, 12 anos mais velho, ficar e minha avó partir. Chama por minha avó, pede para que ela o busque.
Já estava cansada devido ao enterro ter sido as 9h. Por ser longe, tive que acordar ás 6h. Ver e escutar a dor do meu avô fez me sentir com um enorme peso em meus ombros. Tudo o que eu queria era ir para a casa e dormir.
No entanto, dormir foi a última coisa que fiz nesse dia. Estava na cama, é verdade, mas não havia descansado nada quando o telefone tocou. Na primeira, ignoramos. Mas na segunda vez, meu irmão foi atender correndo. E voltou dizendo:
- Vocês não sabem o que aconteceu!
E, minha imaginação nada dramática já me fez visualizar o enterro de meu avô. Pensei que a dor o tivesse consumido no mesmo dia, mas, GRAÇAS Á DEUS, não era isso. No entanto, o susto foi ainda maior.
- As obras do metrô...Desmoronaram!
Pronto! Agora foi-se a minha outra avó! - pensei.
Ligação, correria. Fomos até lá, mas novamente GRAÇAS A DEUS, a casa dela, na rua acima do acidente, não chegou a ficar na área de risco, apesar de muito próxima. Porém, o prédio de onde vem a clientela da lanchonete foi interditado. Prejuízos financeiros. Aff...
Tentamos levar minha batian para minha casa, mas nada conseguiu movê-la de lá. Ficou com a idéia fixa de que, se for pra morrer, morre junto da minha prima e tia que permaneceriam na casa.
Por fim retornamos.
Um dos dias mais longos que já tive.
Só quero pedir a Deus que cuide da alma de minha avó e das vítimas do desmoronamento.
Dos vivos, cuidamos nós mesmos.
Tuesday, January 16, 2007
Sexta feira que foi 12, mas podia ter sido 13!
Posted by Karina Tiemi at 9:54 AM
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3 comments:
É, imagino como esse dia foi pesado pra vcs. Lidar com a morte é mesmo uma coisa muito difícil, apesar de sabermos que ela é inevitável e imprevisível.
Estou acompanhando isso das vítimas do metrô. Eu que estou longe já sinto uma agonia absurda, eu imagino a dor dos familiares dessas pessoas... É uma coisa muito triste.
Enfim, sei q o tempo não vai apagar a dor da perda da sua avó, mas dará força para suportar isso. Passada a tristeza, vem a saudade, a lembraça dos momentos bons... E acho que o q importa nisso td é que ela não foi uma pessoa q passou pela vida e foi embora ser ter contribuido com nada de bom. Foi alguém que sorriu, fez os outros sorrirem, amou e foi amada, tanto pelo marido qto pelos filhos e netos... É isso que se leva daqui. Isso é o que fez a vida dela ter valido à pena. A missão dela foi cumprida e hj ela é um anjinho que está olhando por tds vcs.
Bjos, maninha. Muita força para vc, viu?
É meu, a pior parte é saber que da morte ninguém escapa, mas foi como eu te disse, pelo menos vcs sabem que sua vó viveu bastante, aproveitou muita coisa e conseguiu ver os netos crescerem rs!
^^
beijos
a morte é sempre dolorosa.
por isso devemos aproveitar ao máximo para ficarmos pertode quem amamos.
fica bem.
beijos
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