Tuesday, January 16, 2007

Sexta feira que foi 12, mas podia ter sido 13!

Da morte ninguém escapa, isso todo mundo sabe, mas ninguém consegue segurar as lágrimas diante da partida de um parente.
Dizem que mãe assistir ao falecimento de um filho é uma dor inigualável, assim como dizem sobre o parto.
Eu já vi minha Batian (avó em japonês) perder dois filhos. Não sei se sua dor foi mais discreta devido a sua origem oriental. Ela chorou, mas pouco falou. Tão diferente da dor de meu avô nessa última sexta feira, 12.
Acho que perder a pessoa que se ama - sentimental E carnalmente falando - é capaz de ser ainda mais doloroso que a dor de um filho. A pessoa que te acompanhou por mais de 60 anos, que viveu os seus sucessos e principalmente te apoiou em seus fracassos.
Aquela cuja qual recebeu uma parte sua, misturou com sua essência e gerou uma nova vida (duas vezes). Aquela que te ouviu nos momentos mais íntimos, a que você escutou sobre suas tristezas e alegrias. A pessoa com a qual você passou "um tempo lindo".

"Que tempo lindo nós vivemos juntos" - disse Eduardo Garcia.

A tristeza é grande. A revolta também. Meu avô acha injusto ele, 12 anos mais velho, ficar e minha avó partir. Chama por minha avó, pede para que ela o busque.
Já estava cansada devido ao enterro ter sido as 9h. Por ser longe, tive que acordar ás 6h. Ver e escutar a dor do meu avô fez me sentir com um enorme peso em meus ombros. Tudo o que eu queria era ir para a casa e dormir.
No entanto, dormir foi a última coisa que fiz nesse dia. Estava na cama, é verdade, mas não havia descansado nada quando o telefone tocou. Na primeira, ignoramos. Mas na segunda vez, meu irmão foi atender correndo. E voltou dizendo:

- Vocês não sabem o que aconteceu!

E, minha imaginação nada dramática já me fez visualizar o enterro de meu avô. Pensei que a dor o tivesse consumido no mesmo dia, mas, GRAÇAS Á DEUS, não era isso. No entanto, o susto foi ainda maior.

- As obras do metrô...Desmoronaram!

Pronto! Agora foi-se a minha outra avó! - pensei.
Ligação, correria. Fomos até lá, mas novamente GRAÇAS A DEUS, a casa dela, na rua acima do acidente, não chegou a ficar na área de risco, apesar de muito próxima. Porém, o prédio de onde vem a clientela da lanchonete foi interditado. Prejuízos financeiros. Aff...
Tentamos levar minha batian para minha casa, mas nada conseguiu movê-la de lá. Ficou com a idéia fixa de que, se for pra morrer, morre junto da minha prima e tia que permaneceriam na casa.
Por fim retornamos.
Um dos dias mais longos que já tive.
Só quero pedir a Deus que cuide da alma de minha avó e das vítimas do desmoronamento.
Dos vivos, cuidamos nós mesmos.

3 comments:

Luciane Rangel said...

É, imagino como esse dia foi pesado pra vcs. Lidar com a morte é mesmo uma coisa muito difícil, apesar de sabermos que ela é inevitável e imprevisível.

Estou acompanhando isso das vítimas do metrô. Eu que estou longe já sinto uma agonia absurda, eu imagino a dor dos familiares dessas pessoas... É uma coisa muito triste.

Enfim, sei q o tempo não vai apagar a dor da perda da sua avó, mas dará força para suportar isso. Passada a tristeza, vem a saudade, a lembraça dos momentos bons... E acho que o q importa nisso td é que ela não foi uma pessoa q passou pela vida e foi embora ser ter contribuido com nada de bom. Foi alguém que sorriu, fez os outros sorrirem, amou e foi amada, tanto pelo marido qto pelos filhos e netos... É isso que se leva daqui. Isso é o que fez a vida dela ter valido à pena. A missão dela foi cumprida e hj ela é um anjinho que está olhando por tds vcs.

Bjos, maninha. Muita força para vc, viu?

Anonymous said...

É meu, a pior parte é saber que da morte ninguém escapa, mas foi como eu te disse, pelo menos vcs sabem que sua vó viveu bastante, aproveitou muita coisa e conseguiu ver os netos crescerem rs!

^^


beijos

Janaina Pereira said...

a morte é sempre dolorosa.
por isso devemos aproveitar ao máximo para ficarmos pertode quem amamos.

fica bem.

beijos